sábado, 27 de fevereiro de 2016

Ensaio sobre o nada.

Toda escrita é baseada no início de um pensamento. “Quero escrever um livro” pode ser uma premissa fútil, porém se o querer estiver colocado no lugar correto, tudo bem. O lugar correto pode ser qualquer lugar que tenha uma boa base, seja uma escrivaninha ou suas próprias pernas.

Todo o santo dia – todo, mesmo – eu me pego pensando em dar minha opinião sobre as coisas que nos cercam. De nada vale, uma vez que opinião por opinião não leva à tão desejada base –  talvez só a câimbras nas pernas.

Tenho muitas câimbras, se bem gostariam de saber. Talvez eu ainda não tenha aprendido o limite do “querer”, ou mesmo o limite que meus pés podem esticar-se durante um orgasmo. Não sei. Sei que dói, bem como a opinião pela opinião.

Existem pessoas que não sabem ler, assim como existem aqueles que não querem saber, e saem lendo o que elas acreditam estar escrito. Toda a mecânica da vida está envolta em detalhes – sutis detalhes – que poucos enxergam. Quem os enxerga não é genial, é apenas mais um sensível entre tantos bocós de Nova Iorque. Cada led piscante no fundo da tua íris faz um pouco de sentido. Se ele for vermelho, indica muito mais do que paixão ou morte. Se for roxo, muito mais do que dor ou chupão.

Eu penso muito mais do que eu deveria, acredito. Inclusive nas horas em que deveria estar pensando em nada além do prazer mútuo. Penso quando estou triste – e aprofundo a tristeza a ponto de pensar em suicídio – penso enquanto ando de ônibus – e cerco-me de detalhes que poucos ao meu redor estão percebendo – penso enquanto como – e invento novos sabores para os temperos corriqueiros. Às vezes pensar é como um led piscante, porém com cores que nunca antes eu havia visto.

Formar paletas de cores na vida. Acho que esse é o real sentido de estarmos aqui criticando e criticando e criticando. Ou apenas contemplando. Contemplamos cores infinitas, que no final podem ser formadas por pigmentos brancos ou pretos. Jamais saberemos. Jamais seremos todas essas cores. Jamais confiamos em acreditar na existência de todas elas.

Transcendemos ao olho mágico, queridos. Transcendemos às coisas supérfluas que agarramos com força e acreditamos ser realidade. Transcendemos, muitas vezes, à ideologia enlatada que nos é vendida todas as manhãs, como quando aqueles “vendedores de palavras” batem às nossas portas, seja pedindo um minuto pela palavra de Deus, ou pedindo um minuto para ouvir sobre o nosso serviço de segurança de cinqüenta “reaizinhos” mensais, só pra ajudar a galera e ajudar a senhora aí também, que é vítima da violência.

Nem todo pensamento é baseado em uma escrita. Aprendemos a pensar antes mesmo de aprendermos a ler, porém não nos foi ensinado que podemos exercitá-lo. O exercício do pensamento pode gerar confusão, pode gerar o livro que você queria escrever, pode gerar apenas conspiração, o que também é bom quando combinada ao bom senso.

Pensar pode ser tão bom quanto um amor leviano. Ou tão ruim, depende do desdobramento do mesmo. Dos mesmos. Quisera eu pensar menos, ou escrever sem pensar tanto...

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