quarta-feira, 25 de julho de 2012

A Bela do Lago

Quando os meninos correram e eu fiquei, senti que algo era diferente. Talvez eu não fosse tão gente. Talvez eu fosse ninguém.


De pele alva e olhos mui chorosos, em dias de chuva, o azul acinzentado ficava meio violeta. De cabelos negros e largos, longos cachos, coração partido, sentimentos corrompidos, lá eu ia, sozinha, com a ajuda de ninguém.

Eram meninos de outrem. Pertenciam aos outros ou a alguém.

A neblina secava meus olhos e minhas lágrimas mesmo assim caíam... Do outro lado do lago eu a vi. Ruiva dos cabelos largos como os meus, mas ela era nua, como bebê, eu desejei-a por minutos. Ela entrou no rio e me chamava. Ouvia-se de longe sua bela voz.

Seus olhos verdes quase desbotavam e também choravam. Seca. Seios rijos. Bela. Eu a beijei. O beijo da morte, da meia-noite, do jogo das sombras.

Nós afundamos e eu nunca mais subi.

sábado, 7 de julho de 2012

Sós de vela

Freneticamente dancei a música branca que entrava por meu nariz


E uma bela moça passou por minha janela

Era ela! Era ela!

Renata que eu quisera, Vitória que exagera



Depois de umas doses de uísque a solidão acaba

Mas ainda lembro-me dela

O nome composto e o teu rosto

Marcados em nuvens aleatórias



Minha morada já não é boa

Todos foram e deixaram-me nela

Nos quadros o pó, na cama a cadela

Nos meus olhos a tristeza de não ver-te, ó bela.