domingo, 13 de novembro de 2011

Janela do Imperial

Ela estava ali, na janela do oitavo andar.
Ela estava ali, ia se atirar.
Eu estava ali, pensando no amor.
Eu estava ali, não queria sentir dor.
Por favor, ó Deus, deixe-a viver.
Por favor, ó Deus, que outro venha a morrer.

Ela estava ali, um sapato jogou.
Ela estava ali, para o céu olhou.
Eu estava ali, prestes a rezar.
Eu estava ali, consciência a coçar.
Por favor, ó Deus, deixe-a morrer.
Por favor, ó Deus, que outro venha a viver.

Ela estava ali, seu corpo no chão.
Ela estava ali, com ela a multidão.
Eu estava ali, senti-me culpado.
Eu estava ali, psicológico abalado.
Por favor, ó Deus, leve-me com ela.
Por favor, ó Deus, não havia moça mais bela.