Tem pessoas as quais as lembranças são difíceis de apagar.
Eu costumo sofrer muito por conta dessas lembranças. Sofro por conta dos gostos
em comum que temos, gostos que jamais compartilharemos juntos devido a repulsa
que temos um(a) pelo(a) outro(a). Nossos caminhos cruzam e descruzam de um
jeito muito estranho. Gosto e não gosto disso.
À noite, gosto de ficar nua na cama pensando em como
chegamos a tal ponto. Eu sempre ao ponto do sofrimento, ao ponto do
não-entendimento disso tudo. O sereno me arrepia tanto quanto a lembrança de
vocês. As lembranças se tornam pensamentos obsessivos, recorrentes, sem
controle. Me deixam triste a cada instante de pausa. Procuro por ti.
Gosto de andar sozinha e pensar em todas essas coisas.
Filmes, músicas, livros, lugares, momentos. Constantes alucinações de vocês,
pessoas que me deixam e que eu deixo também. Ou finjo deixar. Eu me marco por
pouco. Eu sinto muito.
São lembranças autodestrutivas, tanto quanto os atos que
cometo por diversão. Poucas drogas no mundo salvam minha alma desses
pensamentos. Algumas apenas me forçam lembrar. Fazer morrer neurônios não faz
morrer lembranças.
Preciso me despir dos pensamentos. Preciso me despedir de
vocês.