quarta-feira, 20 de julho de 2011

Marianne - Parte III

Sua mãe estava passando mal. Desmaiou.Marianne soltou minha mão e saiu correndo para a rua. Seu irmão percebeu que era ela, mas ficou para ajudar a mãe. No restaurante, a loucura era geral: todos se moviam para ajudar a mãe de Marianne. Eu não sabia o que fazer. Corri atrás dela.
- Marianne, venha aqui!
- Rachel, você não sabe que ela está fazendo de propósito? Acho que ela me viu! Está fazendo isso pra ver se vou lá e vejo como ela está! Quer que eu caia de joelhos para pedir desculpas! Você não conhece aquela mulher! Uma Covarde!
- Assim como você, não é? - Guilherme apareceu em frente à Marianne e ela gelou. - VOCÊ é a covarde aqui. Some sem dar notícias, não atende ao telefone. É com esse homem que você anda metida, então? Quanto tempo você vai durar usando drogas e transando com pessoas que você nunca viu na vida?
- Rachel, vamos embora. Chame o seu tio, por favor.
Saí correndo e deixei os dois lá, sozinhos. Eu não devia ter feito isso. A emergência já estava à caminho e o Tio Carlos disse que não sairia de lá sem que alguém viesse ajudar a senhora. Eu falei que era urgente, que Marianne precisava dele. Ele então pediu desculpas e foi correndo até o carro.
- O que aconteceu contigo, guriazinha?
- Bom, acho que vamos ter bastante tempo para falar sobre isso.
No carro, Marianne e meu tio foram falando sobre o ocorrido e como aquelas coincidências foram chocantes para nós. Porém ela explicou que não poderia mais ficar na casa do meu tio, e eu vi que ele sentia isso mais do que ninguém.
Chegando em casa, perguntei como ele se sentia. Não respondeu nada. Marianne chorava no meu quarto. Ela queria ficar. Eu também queria que ela ficasse. Era tão triste vê-la assim, e era mais triste ainda saber que talvez essa fosse a última vez que eu a veria.
- Rachel, me dê um abraço. Tu és a minha guriazinha, saiba sempre disso. Não fique assim, que nem eu. A tua mãe te ama e a gente sabe disso. Vai lá, fica com ela. Eu sei que ela não é mais vazia do que a minha mãe porque ninguém consegue ser. Não pare de fumar. Só pare de cheirar essas coisas aí e tá tudo tri. Prometo que venho te visitar, tu e o teu tio. Mas agora é hora de partir.
Nós nos abraçamos e foi tão bom. Foi como ter uma melhor amiga. Foi como me sentir amada por alguém que conheci ontem, literalmente. Foi como descobrir o bom da vida em alguns segundos. Ela foi para o quarto do tio Carlos e eu pude ouvir o que eles diziam.
- Obrigada Carlos, obrigada mesmo! É uma pena eu não poder ficar, mas é meu dever ir.
- Mas você não tem dinheiro e nem lugar para ficar! Por favor, fique...
- Não precisa se preocupar. Eu sempre me virei por aí e sempre me dei bem. A única vez que me dei mal, você me ajudou. Foi muito bom ter te encontrado.
E assim ela foi. Foi como chegou. Que nem uma ventania que mudou a minha vida e a vida do meu tio. Acho que somos melhores agora. Estou brigando menos com a minha mãe e ela convive melhor com as pessoas. Meu tio ficou triste por alguns dias, pensando em Marianne, mas acho que agora ele está melhor. Ele não gosta muito de falar nela...
- Oi tio!
- Olá Rachel! Que bom que você veio! Sua mãe vem também?
- Acho que não. Vamos?
- Vamos sim, que já é hora!
Apressados, saímos para comprar o meu presente de aniversário. Eu contava os segundos para que chegasse o dia doze do mês de agosto. Eu gostava muito de fazer aniversário, e meu tio disse que me faria uma boa surpresa.
Entramos em uma loja e logo reconheci a vendedora. Acho que meu presente não era algo material, e sim sentimental. Era Marianne que estava lá, mais bonita do que nunca, cabelos diferentes e um sorriso que nunca havia visto antes. Era bom vê-la assim, e era bom saber que poderia sempre contar com aquela garota-problema que gostava tanto de mim.