segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Amor ficcional

Cometemos cerca de 127 equívocos ao pensar que amamos alguém. A tão esperada frase, por vezes, fica entrelinhada por gestos e olhares que, num mínimo ponto de ação, cruzam-se e nada mais precisam falar. 10 desses 127 são equívocos sentimentais. Outros, ah, são média para fechar pesquisa. Quando meu rosto encontra os pêlos do teu peito, penso que é amor. Porém, antes de equivocar-me, olho e penso que é apenas minha boca aberta, babando, e dizendo: “nossa, que foda incrível! Posso ir para casa tomar um banho?” e nada mais. Eu espero o momento certo para dizer que te amo, e o momento simplesmente não vem. Ah, mas que surpresa! Todos os momentos são meras ilusões da vida. Penso em mais pêlos de peito do que equívocos cometidos em todo o sentimentalismo que envolve-me. De fato, seios robustos são mais verdadeiros do que pêlos. Todavia mais belos. A sensação de rolar no chão é um equívoco cometido brutalmente por todos os seres humanos. Nem todos gostam de sair rolando, porém os que gostam, ah, esses enquadram-se nas expectativas – e nos equívocos. A sensação de amor selvagem é recorrente em paixonites diárias. Gozar na janela, com um berro ensurdecedor ecoando madrugada adentro na cidade é lindo. Mas não significa que, em algum momento, eu amei você. São todos equívocos. Em minha mente, mais de 127. E 127 não é múltiplo de 3. Três: número de palavras suficientes para preencher a frase tão quista. Eu nunca jurei amor a quem acreditou na primazia do número três. Três não é suficiente para equilibrar amor, apenas para malabarizar. E malabarizo a vida, porque nesta certamente me equivoco muito mais do que nos amores. Certamente são mais de 127 vezes em que penso “te amo” ou que penso em viver mais e melhor, sem a perspectiva de realmente viver – ou de sair por aí amando.

Nenhum comentário:

Postar um comentário